top of page

O Futuro da Medicina: Mais custos, Mais Médicos

Como o aumento dos custos por inovação e a superoferta de médicos irão impactar o setor da saúde.


O setor de saúde brasileiro enfrenta dois desafios complexos que podem transformar radicalmente a forma como lidamos com cuidados médicos. De um lado, o custo da inovação nas farmacêuticas cresce de forma acelerada, pressionando o preço dos medicamentos. De outro, a expansão desordenada das faculdades de medicina ameaça a qualidade da formação dos novos profissionais. Esses fenômenos, que preocupam especialistas e empresas do setor, trazem à tona questões urgentes sobre o futuro da saúde no Brasil e a capacidade de sustentar um sistema acessível e de qualidade.


Para Pedro Sanchez, presidente da EMS, os custos relacionados à inovação no setor farmacêutico não vão apenas aumentar, eles vão “explodir”. A afirmação, feita em recente entrevista, reflete um cenário de alta complexidade para a indústria, que enfrenta a necessidade de investir pesado em pesquisas de medicamentos mais sofisticados, como as terapias de precisão e tratamentos genéticos. Esses avanços representam um salto tecnológico e oferecem tratamentos inéditos, mas têm um preço alto por conta da necessidade de vários testes antes de chegar aos clientes e pela alta taxa de projetos falhos. Segundo o diretor da Anvisa, apenas 20% das pesquisas realizadas têm êxito, sendo refletivo o repasse do valor para os clientes. O cenário se agrava quando se considera o aumento da regulamentação e o controle de preços em países desenvolvidos. Para as empresas farmacêuticas, isso significa margens de lucro cada vez mais estreitas, um desafio que acaba recaindo também sobre as operadoras de planos de saúde e os pacientes.


Paralelamente, o mercado de trabalho médico no Brasil também vive um momento delicado com o aumento no número de faculdades de medicina no país, motivado pela necessidade de ampliar o acesso à saúde. Entretanto, esse problema traz consigo uma grande preocupação acerca da qualidade da formação dos novos médicos, somente neste ano foram abertas 6,3 mil vagas para o curso de medicina, representando um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Contudo, apenas 45% destas vagas foram criadas com aprovação MEC, o resto foi aberto por meio de liminares, sendo alarmante este dado uma vez que a formação exige um alto grau de supervisão. Logo, a proliferação do curso sem verificação da qualidade gera o grande perigo de que os novos médicos não tenham acesso à estrutura necessária para uma formação adequada, o que pode impactar diretamente o atendimento oferecido aos pacientes. Em um sistema de saúde que já lida com desafios estruturais, a presença de profissionais mal preparados pode resultar em erros médicos, retrabalhos e, por consequência, no aumento dos custos.


Em meio a esses desafios, o papel das gestoras de saúde torna-se ainda mais crítico. De um lado, as operadoras precisam ser criativas para garantir o acesso dos pacientes a tratamentos de última geração sem comprometer a viabilidade dos planos. Estratégias como a negociação de preços com farmacêuticas, o investimento em saúde preventiva e a ampliação de tecnologias como a telemedicina têm sido alguns dos caminhos encontrados para aliviar essa pressão de custos. Por outro lado, a possível superoferta de médicos demanda uma atuação cuidadosa na contratação e manutenção de profissionais de qualidade. Investir em programas de educação continuada e residências médicas pode ser uma maneira de garantir que, mesmo com um número crescente de formandos, o atendimento médico mantenha um padrão aceitável de qualidade.


Dessa forma, é evidente que o setor de saúde no Brasil enfrenta um momento decisivo, em que precisa lidar com o impacto de custos crescentes na inovação farmacêutica e com os riscos associados à expansão acelerada das faculdades de medicina. Esses fenômenos exigem respostas rápidas e soluções criativas para garantir um sistema acessível e sustentável. O equilíbrio entre tratamentos de ponta e a viabilidade financeira dos planos de saúde, aliado à garantia de uma formação de qualidade para os novos profissionais, será fundamental para que o setor de saúde brasileiro consiga superar esses desafios e proporcionar atendimento eficaz e seguro para a população.


__________________________________________________________________________________


Referências:


Custo com inovação nas farmacêuticas vai explodir, diz Marcus Sanchez, da EMS. Disponível em: <https://braziljournal.com/play/custo-com-inovacao-nas-farmaceuticas-nao-vai-aumentar-vai-explodir-diz-sanchez-da-ems/>. Acesso em: 4 nov. 2024.


Faculdades de medicina já correm o risco de superoferta. Disponível em: <https://braziljournal.com/faculdades-de-medicina-ja-correm-o-risco-de-superoferta/>. Acesso em: 4 nov. 2024.


 
 
 

Comentários


bottom of page